Mauro de Castro

Engenheiro de Telecomunicações pelo Instituto Militar de Engenharia (IME-RJ), em 1978

Nascimento: Pouso Alegre (MG), 15 de março de 1946 
Falecimento: Campo Grande (MS), 31 de maio de 2024 
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso do Sul (Crea-MS)

Aproximar a poesia e a espiritualidade dos conhecimentos adquiridos junto ao Instituto Militar de Engenharia (IME) e a toda a formação obtida na caserna pode ser uma missão para poucos, pelo menos em relação ao que se costuma divulgar sobre os que seguem tais trajetórias. Mas essa se tornou a realidade do engenheiro de telecomunicações Mauro de Castro, responsável por praticamente promover grande parte da integração do Mato Grosso do Sul pela radiofrequência, e que mantinha em sua vida particular uma identificação com os versos e com o kardecismo.

O futuro Coronel Castro, como se tornou conhecido desde que foi para a reserva, em 1994, deixou Pouso Alegre para, junto ao irmão gêmeo, o também futuro coronel Marcius de Castro, seguir carreira militar no Rio de Janeiro. “Em Pouso Alegre, só havia, na época, o curso de Direito e estava sendo criado o de Medicina. Nós queríamos ser engenheiros, e fizemos, em 1965, um curso pré-vestibular em Itajubá”, comenta o engenheiro civil Marcius.

Em 1966, foram aprovados no vestibular da Academia Militar de Agulhas Negras (Aman), formando-se oficiais da Arma de Comunicações. Seguiam, assim, a trajetória do irmão mais velho na Engenharia Militar, o engenheiro civil Rodrigo, que havia concluído a Aman um ano antes de eles chegarem, formando-se, em 1973, na área de fortificações - Engenharia Civil, do IME, onde Mauro iria concluir seus estudos, enquanto Marcius se graduaria, também em Engenharia Civil, na Universidade Veiga de Almeida/RJ, complementando seus estudos posteriormente na Escola de Comando do Estado-Maior do Exército (Eceme). “Foi sacrificante, mas valeu a pena para todos nós”. Os três engenheiros são irmãos ainda das professoras Maria Aparecida (falecida) e Mariza de Castro.

Entre a Aman e o IME, Mauro conheceu e se apaixonou por Campo Grande. “Em 1970, foi como oficial de comunicações do Exército para Campo Grande, passando três anos. Depois, se tornou instrutor de Eletrônica na Escola de Comunicações do Exército, no Rio de Janeiro, concluindo o IME em 1978. No ano seguinte, foi para a diretoria de Telecomunicações do Exército, em Brasília, onde pôde desenvolver trabalhos técnicos para manter e aperfeiçoar as ligações de rádio estratégicas para o Exército. Em Brasília, também foi professor de Matemática na Faculdade Católica de Brasília.  Até que, em 1982, retorna para Campo Grande, como chefe do Serviço de Rádio do Exército, responsável pelas ligações do Comando Militar do Oeste, nos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia. Ele era responsável por conduzir a implantação dos projetos de telecomunicações militares, definidos em Brasília. Não saiu mais de Campo Grande, gostou de tudo”, diz o irmão.

A chegada à capital sul-mato-grossense se deu na companhia da esposa, Marília de Castro, e dos filhos Daniella (veterinária, falecida em 2011), Leandro (administrador) e Graziela (formada em Direito). Na ativa e após ir para a reserva, em 1994, Mauro realizou projetos para a implantação das ligações de rádios em inúmeras fazendas. “Com a Plena Engenharia, fez muitos clientes. Ele tinha muito carisma, amavam muito ele. Sempre tratou todo mundo por igual. Era também espírita kardecista. Um ser especial”, comenta Marcius.

Em 1990, casa-se com a psicóloga Dirce de Castro, com quem teve Marcos Vinicius (especialista em segurança da informação). Ela ressalta que a única repetidora de televisão que teve toda a sua logística conduzida inteiramente por Mauro foi a Manchete, atual Rede MS de Integração de Rádio e Televisão. “Nas demais, Band e SBT, ele foi o responsável pelo levantamento. Na Rede MS, ele fez também toda a logística de implantação. A Plena, inclusive, ainda tinha contrato com a Rede MS, além de outras rádios espalhadas pelo estado”, informa Dirce.

“Com a informatização, ele já possuía programas específicos, desenvolvidos para a execução de seus projetos”, acrescenta a viúva. “De fato, ele sempre se atualizava bastante, mantinha contatos permanentes com os fabricantes de equipamentos de comunicações. Indicava as características dos equipamentos para eles comprarem”, reforça Marcius. As viagens do casal para as atividades profissionais, bem como para o lazer nas praias do Nordeste e de São Paulo, também foram constantes. “Era muito brincalhão, muito humano. Um poeta que chegava a emoldurar seus versos para mim”, conta Dirce. Marcius diz que o irmão sempre transmitia suas mensagens para a família. “Ele tinha vocação para a poesia, fazia sempre. E chegamos a colocar tudo numa brochura familiar”.  

Nunca houve, então, um distanciamento completo da família. “Quando os pais eram vivos, sempre passávamos o Natal em Pouso Alegre. Depois, passávamos pelo menos uma temporada por ano juntos. Servi em Campo Grande, quando terminei a Eceme, para ficarmos juntos. Nos últimos anos, trabalhou como engenheiro autônomo. Mantinha contatos com o ministério das Comunicações, fazia muitos projetos de comunicações. Vinha a Brasília de vez em quando a serviço. Depois, fazíamos também um Natal fora de época, todo ano. Na última reunião, em 2023, fizemos em Brasília, Mauro veio com toda a família, inclusive a filha Graziela, que mora em Barcelona”, conta o irmão.

A proximidade com a capital do Mato Grosso do Sul o fez ser reconhecido como cidadão campo-grandense, em 14 de julho de 2008. Para Dirce, o reconhecimento pelo Livro do Mérito valoriza o trabalho de Mauro de Castro. “Acredito que seja bem merecido, ele se dedicou bastante. Foi muito competente, muito querido pelos clientes. Um profissional muito dedicado. Fiquei muito orgulhosa”. Lembrando que o irmão era conhecido pela quantidade de Anotações de Responsabilidade Técnica, “quase cinco mil”, inclusive contando com uma espécie de carteira de fidelização para o acompanhamento e atualização dos projetos de seus clientes, Marcius saúda a iniciativa do Sistema Confea/Crea. “Mauro era organizado e muito comunicativo, falante, com uma oratória muito boa. Gostava de fazer palestras no centro espírita, o que fez com que a comunidade espírita participasse do seu velório. Essa é uma homenagem que não o pegou em vida, mas é gratificante, estamos todos muito satisfeitos”, ressalta o irmão gêmeo.