A diferença é a paixão Ensina Jack Welch para quem quer alcançar resultados imediatos

Brasília, terça-feira, 19 de março de 2002. O engenheiro Jack Welch tornou-se - depois de transformar a GE na maior empresa do mundo - um dos papas da teoria e prática do trabalho em equipe voltado para resultados imediatos e foi sobre isso que falou ontem, para milhares de pessoas que participaram do telebate-papo gerado em Nova York e transmitido via satélite, das 13 às 14h30, horário brasileiro, para diversos países.No Sistema Confea/Crea, a transmissão alcançou a sede do conselho federal em Brasília e as dos conselhos regionais de SP, SE, BA, CE, MG e GO, atraindo a atenção dos funcionários interessados em compartilhar idéias e ações visando melhorar o desempenho da instituição.Durante uma hora e meia, Jack - como gosta de ser chamado - respondeu a perguntas sobre a necessidade das empresas terem líderes, capital intelectual e um relacionamento franco, 75% pessoal e 25% do resto, com seus funcionários.Sua receita é simples: "o trabalho tem que ser divertido. As empresas têm que ter campeões que acreditem nela e assumam um compromisso apaixonado. Elas, por sua vez, têm que recompensar de alguma forma, cada mudança de comportamento para melhor"."Franqueza, ingrediente indispensável" Depois de trabalhar na GE durante 20 anos, o hoje aposentado Jack Welch presta assessoria ao antigo patrão e ensina outras organizações a alcançar um desempenho que foi capaz de engordar o capital da General Elétric em US$ 400 milhões. Ele defende, por exemplo, a auto-avaliação como um dos métodos para se alcançar as metas traçadas, mas ressalta que "franqueza é ingrediente indispensável para o sucesso".Confessando nunca ter participado de nenhum treinamento que a GE exigia da maioria de seus funcionários, Jack afirma que em toda a empresa, "20% dos empregados são especiais - os líderes, campeões - 75% são de nível médio, e 10% são fracos. Nos dois primeiros grupos, muitos querem participar, aprender, dar soluções. O que diferencia uns dos outros é a paixão"."Ferramentas emocionais"Jack, ao responder uma pergunta sobre as diferenças de formação de lideranças de qualidade na iniciativa privada e no governo, disse que nunca foi funcionário público e mesmo sem ser perito nesse tipo de gestão, acredita que "o setor deva oferecer maior resistência em função da estabilidade e da burocracia e ressaltou a necessidade de líderes pelos governos que precisam deles, segundo Jack, como "ferramentas emocionais". "A rádio peão sabe tudo"Para os tempos de vacas magras, o consultor aconselha de novo a franqueza para melhorar a moral dos funcionários. "Os diretores têm que falar sobre as dificuldades, sempre com transparência. Mesmo porque a rádio peão sabe tudo e se encarrega de divulgar", completa. "Fugir ou esconder a situação é insano. Explicar o porque das coisas é essencial"."Todo mundo entra no jogo"Elevar o nível intelectual dos funcionários através de cursos e reciclagem, proporcionando um constante aprendizado, também foi destacado pelo consultor. "Logo após a 2ª guerra mundial, a hierarquia nas empresas era severa, as pessoas funcionavam como máquinas, cumprindo ordens. Hoje não é mais assim. Todo o mundo entra no jogo. É fundamental aumentar o capital humano das empresas. A direção tem que apostar nas pessoas e investir a médio e longo prazo. É como construir uma cultura de aprendizado sustentável".Jack Welch, o mais famoso C.E.O da GE, ensina também que a idéia do trabalho em equipe voltado para resultados imediatos é reduzir erros , num processo constante de aprimoramento da qualidade."Numa organização sem fronteiras, não há espaço para a auto-promoção"Aos chefes que só contam vantagem sobre o desempenho de seus funcionários, Jack manda um recado: "os que não compartilham com a equipe serão motivo de gozação e ridicularizados. A cultura da empresa vai rejeitar essas pessoas. Numa organização sem fronteiras, não há espaço para a auto-promoção".Divirta-se no trabalhoPara os líderes que estão iniciando, Jack aconselha "seja você. Batalhe, não se conforme com o que não aceita ou acredita e, divirta-se no trabalho. Faça além. Pense além. Assim serão não só respeitados, mas terão uma torcida a seu favor. Quem não agrega perde a oportunidade de enriquecer sua própria carreira".CamaleõesFalando da capacidade de camaleão das empresas, Jack lembrou que os atentados de 11 de Setembro explodiram também a nova economia, expressão que caiu em desuso: "É incrível a capacidade de adaptação à situações e criação de soluções para sair de qualquer crise. Ninguém mais que o cliente pode garantir a vida saudável da empresa e o seu emprego". Programa de Educação CorporativaA transmissão via satélite faz parte do Programa de Educação Corporativa, recentemente iniciado pelo Sistema Confea/Crea e dirigido a funcionários, conselheiros e profissionais das áreas representadas pela instituição, com o objetivo de reciclar conhecimentos e aprimorar a capacitação de seu pessoal. Maria Helena de Carvalho - Da equipe da ACS