Temas sociais abrem o Encontro de Lideranças do Sistema Confea/Crea

Brasília, 28 de março de 2003

"Pe. Placimário Ferreira"
A primeira palestra do Encontro de Lideranças do Sistema Confea/Crea, que acontece no espaço Parlamundi, de 28 a 31 de março, foi um convite à reflexão para os integrantes das carreiras de engenharia e arquitetura a respeito da acessibilidade. O padre Placimário Ferreira, representante da Diocese de Brasília da Confederação dos Bispos do Brasil, apresentou o lema da Campanha da Fraternidade deste ano: “Levanta-te e vem para o meio”.

Ele procurou mostrar a realidade das pessoas portadoras de deficiência para sensibilizar os profissionais que podem contribuir para facilitar o dia-a-dia delas. Em sua palestra, Placimário Ferreira ressaltou a importância dessa reflexão. “Essa temática é muito ampla. Questiona o próprio valor da vida de cada pessoa e é de fundamental importância que esses profissionais tenham consciência da diversidade no momento em que estão desenvolvendo seus projetos”, enfatizou.

"Édison Passafaro"
O tema continuou a ser abordado na palestra seguinte, “Acessibilidade e Mobilidade Urbana  Políticas de Inclusão Econômica e Social”, proferida pelo consultor em acessibilidade Édison Passafaro. Usuário de cadeira de rodas há 25 anos, ele conta que só percebeu a quantidade de obstáculos que um cadeirante precisa enfrentar para se locomover pela cidade quando se viu nessa condição. “Foi quando assumi a missão de transformar isso”, disse ele, ressaltando que a acessibilidade é um tema novo e que está na ordem do dia.

Ele alertou os engenheiros e arquitetos presentes para o fato de que um projeto acessível deve oferecer ao portador de necessidades especiais, seja ela qual for  auditiva, visual, motora, mental ou múltipla , o uso do espaço público com segurança e, principalmente, com autonomia. “Muitas vezes os cadeirantes precisam de ajuda até mesmo para subir uma rampa, ícone da acessibilidade, mas o que o ser humano quer é ter autonomia”, exemplificou Passafaro.

Dados do último censo realizado pelo IBGE apontam cerca de 25 milhões de pessoas portadoras de deficiência, mas Passafaro propõe uma visão mais ampla quando se trata de facilitar a locomoção de pessoas com dificuldades. “Não apenas os portadores de deficiência, mas também idosos, obesos e gestantes são pessoas que precisam de acesso facilitado ao espaço público”, sublinhou.

O consultor ainda ressaltou que é fundamental pensar na diversidade dos seres humanos antes de se começar um projeto e concluiu: “O conceito antes do traço muda completamente o destino da obra”.

Mariana Zanatta e Isabel Almeida
Da Equipe da Acom

Fotos: Sérgio Seiffert