Confaeab se manifesta sobre situação de estiagem na Região Sul

 

Presidente da Confaeab, Kleber Santos defende as 29 propostas apresentadas pela entidade para buscar reverter os danos provocados pela estiagem na Região Sul. Em breve, entidade se manifestará também sobre as chuvas em Minas e no Nordeste. Apontadas como uma das causas, as mudanças climáticas foram debatidas durante o Congresso Brasileiro de Agronomia, em Florianópolis, no ano passado
Presidente da Confaeab, Kleber Santos defende as 29 propostas apresentadas pela entidade para buscar reverter os danos provocados pela estiagem na Região Sul. Em breve, entidade se manifestará também sobre as chuvas em Minas e no Nordeste. Apontadas como uma das causas, as mudanças climáticas foram debatidas durante o Congresso Brasileiro de Agronomia, em Florianópolis, no ano passado

Brasília, 24 de janeiro de 2022.

Com prejuízos crescentes na ordem de bilhões de reais, já impactando a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país, em 2022, a recente crise hídrica enfrentada pela região Sul recebeu manifestação da Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab).  Em carta aberta à sociedade, a entidade representativa dos profissionais do setor que historicamente alavanca a economia do país lista 29 sugestões de curto, médio e longo prazos para a superação da crise. Créditos emergenciais, créditos para o custeio de novas lavouras, repactuação de dívidas, investimentos estruturais e acompanhamento técnico com participação de profissionais habilitados no projeto, execução e manejo das operações relacionadas às atividades do crédito rural estão entre as propostas, a serem direcionadas às autoridades federais e estaduais, bem como ao setor privado.

O agravamento da crise climática é um dos fatores para a atual problemática, na avaliação da Confaeab, inclusive em relação às enchentes verificadas atualmente em Minas Gerais e no Nordeste. “Pretendemos em breve também fazer uma manifestação sobre a grave situação enfrentada hoje pela agricultura em Minas e na região Nordeste. Em parte, devemos associá-la às mudanças climáticas. Há uma questão imediata das perdas, em que agricultura é muito sujeita a risco, às intempéries que o agricultor não tem controle. E tem uma questão de fundo, relacionada à necessidade de enfrentamento à mudança de clima, por meio de medidas como o seguro rural para a cobertura de riscos, valorização efetiva do conhecimento técnico agronômico em projetos de adaptação e mitigação de gases de efeito estufa”, comenta o presidente da Confaeab, eng. agr. Kleber Santos. 

Segundo ele, as entidades da Agronomia defendem uma série de práticas como essa, valorizando o conhecimento científico e o exercício profissional habilitado. “A mudança climática é um fato, e somos contra qualquer negacionismo. Precisamos reconhecer que a agricultura também é vítima dessas mudanças e que precisa de políticas de incentivo às  práticas conservacionistas, fundamentadas no conhecimento técnico, para produção com sustentabilidade”, diz, informando que essa posição tem sido defendida nos Congressos Brasileiros de Agronomia. 

“Temos a necessidade urgente de adaptação e de mitigação aos gases de efeito estufa, o que chama a atenção para a importância dos profissionais habilitados a atuar por meio de práticas conservacionistas, em todos os projetos do crédito rural. Lutamos para que as instituições financeiras liberem recursos mediante projetos elaborados por profissionais habilitados”.

O documento enfatiza que “o enfrentamento aos prejuízos causados pela estiagem se faz necessário e com rapidez. Não apenas para o momento de hoje, mas de forma especial também com ações que possam contribuir para que no futuro os efeitos da falta de chuvas também possam ser mitigados nas propriedades rurais, inclusive no enfrentamento à mudança do clima”.

Prejuízo dinâmico e papel do profissional
Apesar de estipular atualmente o prejuízo nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná na ordem de R$ 45,3 bilhões, a Confaeab reconhece que os dados são muito dinâmicos e aponta que o prejuízo já deva estar defasado. “Há um impacto drástico tanto na segurança alimentar, já que os preços dos alimentos devem encarecer, como no PIB do país, que depende em boa parte da agricultura, o que, infelizmente, deve gerar um agravamento da crise econômica, junto com a crise sanitária”, lamenta Kleber.
O presidente da Confaeab ressalta que, apesar de seu agravamento enfrentado em 2021, a seca do Sul do país tem se repetido nos últimos anos. “Essa situação específica acentuou a nossa preocupação, já manifestada em anos anteriores por uma situação que tem se repetido, inclusive em de outras regiões do País”, diz, informando que no Sul há preocupações com a dessedentação animal, com a criação de tanques de armazenamento de água e com toda a cadeia do milho, base da cadeia alimentar inclusive da proteína animal, o que envolve a cadeia produtiva do leite. 
“Temos também tido chuvas irregulares, o que gera outros problemas”, diz, chamando a atenção para o “estímulo à adoção de práticas conservacionistas de solo e água”, “estímulo ao uso racional de água” e o “fomento à construção de reservatórios”, entre outros pontos citados na mensagem.

Mais uma vez, o papel do profissional é destacado pelo gestor. “A atuação do engenheiro agrônomo é fundamental nesse momento”, diz, exemplificando com a formação de “baciões” em estradas vicinais. “Com os baciões, a água é canalizada para as propriedades e não vira fonte de erosão, alimentando o lençol freático dentro de um projeto maior de bacia hidrográfica”. 

Para o presidente da Confaeab, tais situações demonstram a importância de valorizar o conhecimento técnico. “Temos que valorizar o saber profissional, inclusive para trabalhar medidas de profilaxia”.


Kleber destaca que essa importância do conhecimento técnico precisa ser reconhecida em toda a sociedade. “Nosso papel é sensibilizar as autoridades e colocar os profissionais à disposição. O Confea tem o papel de fiscalizar o exercício profissional. É importante também o respeito à legislação existente, como o Código Florestal, para que a agricultura seja praticada com sustentabilidade. A questão do clima precisa ser enfrentada, por meio de uma política e de uma ação forte de enfrentamento com ações de adaptação à mudança climática e de mitigação dos gases de efeito estufa. No entanto, o peso não pode ser só para a agricultura. A área urbana vem ocupando áreas sensíveis e é preciso mudar a matriz energética com a substituição do uso dos combustíveis fósseis”.

Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea