
Brasília, 16 de maio de 2025.
Com o tema “Engenharia e Ações Climáticas: soluções para um futuro sustentável”, o Crea-SP sedia, desde a tarde da última quinta-feira (15/5), o 5º Congresso de Engenharia de Língua Portuguesa (Celp). A abertura do evento contou com a participação em vídeo do presidente da República em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e do secretário executivo do ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, biol. João Paulo Capobianco, além de autoridades diplomáticas e de bastonários de Ordens de Engenheiros de países de língua portuguesa, representados pelo bastonário da Ordem de Engenheiros de Portugal (OEP), eng. Fernando Santos. A palestra magna trouxe o vice-almirante Marco Antonio Ismael Trovão de Oliveira falando sobre “Planejamento Espacial Marinho: uso e conservação do mar”.
Acompanharam também da abertura do evento os conselheiros federais eng. mec. Francis Saldanha; eng. ftal. Nielsen Christianni, vice-presidente do Confea; eng. civ. Osmar Barros Júnior; eng. eletric. Amarildo Lima; eng. agr. Álvaro Bridi e eng. prod. Daniel Robles; eng. eletric. Marcos Drago e eng. civ. Paulo Pinho; os conselheiros do Crea-SP e os presidentes eng. civ. Clodomir Luís Ascari (Crea-PR); eng. agr. Jorge Luís e Silva (Crea-ES); eng. eletric. Adriana Resende (Crea-DF); Carlos Alberto Kita Xavier (Crea-SC) e Lamartine Moreira (Crea-GO); eng. civ. Rosa Tenório; eng. civ. Neovânio Soares Lima (Crea-RR); eng. civ. Hércules Medeiros (Crea-PI) e eng. amb. Nanci Walter (Crea-RS).

Em sua mensagem, o presidente em exercício, afirmou que todo o mundo tem sofrido com as mudanças climáticas, com secas históricas na Amazônia, enchentes no Rio Grande do Sul e incêndios no Pantanal. “E o pior, ao que parece, essas situações podem ocorrer cada vez com mais frequência em todo o planeta. Por isso é importante que estejamos atentos e preparados para enfrentar esses desafios. Engenheiros e engenheiros agrônomos têm muito a contribuir com ideias e ações em áreas como infraestrutura urbana, energia, saneamento e tantas outras”, disse Geraldo Alckmin.

O secretário executivo do ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima ponderou que a questão da mudança climática representa um “desafio radical para todos”, em um momento em que a engenharia tem papel fundamental. “Estamos enfrentando o agravamento de eventos climáticos extremos que exigem uma capacidade humana de empreender, no sentido de promover a adequação das nossas cidades, da nossa infraestrutura, das nossas rodovias à nova realidade do clima. Vejam o que aconteceu no Rio Grande do Sul, com perdas enormes, não apenas humanas e econômicas, mas perdas de infraestrutura, cuja reconstrução será feita pela engenharia. Então, o desafio vai no sentido de empreender cada vez mais com sofisticação, de forma adaptada à realidade das emergências climáticas, e ao mesmo tempo oferecer soluções urgentes para populações que hoje vivem em áreas de risco e estão sujeitas aos impactos dos eventos climáticos extremos”, apontou, elogiando a programação do evento.
Valorização profissional
O presidente do Confea, eng. telecom. Vinicius Marchese, que também preside o Conselho Internacional de Engenheiros de Língua Portuguesa (Cielp), agradeceu a contribuição do conselheiro federal Osmar Barros Júnior e do presidente da FMOI (Federação Mundial de Organizações de Engenheiros), José Vieira, na organização do evento, e ainda a manifestação do secretário, afirmando que o objetivo do congresso é “compartilhar conhecimento e capacitar pessoas para esse momento de construção de um futuro sustentável, com desenvolvimento sustentável”.
Vinicius afirmou ainda que, diante da realidade mundial, o país precisa aumentar a participação dos profissionais da Engenharia. “E o objetivo desse encontro foi totalmente formado em torno da capacitação, trazendo ferramentas para compartilhar o que está acontecendo, principalmente nesses países onde temos uma língua em comum. Tentar trazer isso para que os profissionais que estão no dia a dia nos municípios construam soluções que sejam de acordo com as boas práticas. Quando a gente fala de sustentabilidade, de desenvolvimento sustentável, a gente fala de ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável), infelizmente, ainda muito distantes da realidade do nosso país e do dia a dia dos nossos profissionais. Então, os profissionais devem aproveitar esse momento para adaptar esse conhecimento do que está sendo bem sucedido no mundo inteiro para as suas realidades”, completou.

“Hoje não falamos apenas como engenheiros, mas como pontes entre continentes, ideias e realidades que compartilham a língua portuguesa como herança e o planeta como responsabilidade. Somos muitos. Diversos em sotaques, culturas e vivências. Mas somos também um só corpo técnico, uma só consciência coletiva que entende que o futuro do nosso planeta pede por ação e técnica. Além de ser um desafio técnico, o tema deste congresso é um desafio à coragem. A coragem de sonhar com cidades que respiram, com rios limpos, com tecnologias que respeitem os ciclos da terra e que incluam todos os povos no caminho da justiça ambiental. Que esse congresso nos inspire e nos mova”, afirmou a presidente do Crea-SP, eng. civ. Lígia Mackey.

Lusofonia
O bastonário da OEP considerou que o trabalho da engenharia envolve praticamente tudo o que existe, de forma tangível, mesmo que não de forma visível: de uma obra arquitetônica a um atendimento médico. “Está implícito, mas é muito importante para a sociedade que sem ela não seria o que é hoje, e é bom que nós saibamos nos autovalorizar. Já a engenharia de língua portuguesa, tem um grande potencial de interligação que devemos aproveitar”, disse Fernando Santos, chamando atenção para o impacto da língua portuguesa no mundo, inclusive ao lado do idioma espanhol. “Em Portugal, levamos muito a sério esta lusofonia que pode nos trazer fortes dividendos. E em Portugal, muitas das empresas de consultoria de engenharia civil já têm mais de 10% de engenheiros nos quadros que são brasileiros. Essa relação tem potenciado o cumprimento de desafios que Portugal tem pela frente”.

“A engenharia nos une. A engenharia é um vetor de transformação, de inovação e, principalmente, de execução. Nós temos a capacidade de fazer as mudanças. E a engenharia tem também a importância da construção de pontes internacionais, como este congresso”, manifestou o engenheiro Francis Saldanha, ao representar os demais conselheiros federais.
Na abertura do evento bianual, um vídeo lembrou que, em 2023, em Lisboa, no 4º Congresso, foi instituído o Cielp, formado por instituições de engenharia de Angola, Brasil, Cabo Verde, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. “O Cielp nasceu como uma plataforma de cooperação internacional, voltada para a mobilidade profissional e o intercâmbio de conhecimentos entre os engenheiros dos países de língua portuguesa”. Já os debates de propostas do 5º Congresso, teria como meta ser um chamado às comunidades de Engenharia da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para enfrentar os desafios climáticos globais.
Sustentabilidade
Ao abrir os debates do segundo dia do Congresso, o vice-presidente do Confea, eng. ftal. Nielsen Christianni, abordando alguns aspectos debatidos pelo Sistema Confea/Crea, tratou da sustentabilidade, lembrando a proximidade da 30ª Conferência das Partes (COP30), a ser realizada em Belém, de 10 a 21 de novembro. “O debate maior na conferência das partes da Rio-92 era se deveríamos interferir na questão do clima ou se isso era uma questão natural. Hoje esse debate se tornou mais incipiente. Nós avançamos através das pesquisas, e aquilo que foi dito em 1992, que teríamos eventos mais extremos com maior frequência, nós estamos vendo isso atualmente. Hoje temos os caminhos da mitigação e da adaptação, que passam pelos profissionais da Engenharia, da Geologia, da Meteorologia e da Geografia”, disse.

Ao citar a permanência de problemas em comum entre os países de língua portuguesa, Nielsen Christianni comentou que as áreas tecnológicas de todos os países apontam soluções para estes desafios, em todo o mundo. “Ontem nós vimos um pouco desses desafios à nossa sociedade contemporânea e hoje teremos também uma programação voltada a essas temáticas. Temos as alternativas para as necessidades que o mundo contemporâneo exige. Estivemos ano passado na COP29, no Azerbaijão, e passamos a mensagem de que nós não podemos ficar de fora das decisões sobre as políticas públicas que venham a apontar os caminhos para a solução desse grande impasse mundial, relacionado às mudanças climáticas”, apontou, descrevendo problemáticas como o acesso à água e à habitação.
A mesa de trabalhos foi composta por Nielsen Christianni; pelo presidente da Federação Mundial das Organizações de Engenheiros (FMOI), eng. José Vieira; bastonário da Ordem dos Engenheiros de Portugal (OEP), eng. Fernando Santos; bastonário da Ordem de Engenheiros de Cabo Verde (OECV), eng. Carlos Monteiro; bastonário da Ordem de Engenheiros de Moçambique (OEM), eng. Feliciano Dias; e o representante do bastonário da Ordem de Engenheiros de Angola (OEA), eng. Rui Neves.
Disponível no canal do YouTube do Confea, a programação contou com debates sobre os temas “Futuro das Cidades: Habitação e Mobilidade”; “Incêndios/Secas: Efeitos das Mudanças Climáticas”; “Inundações/Cheias: Desafios e Soluções de Engenharia”; “Infraestruturas de Água e Saneamento” e “Transição Energética”.
Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea