Confea defende engenharia para garantir segurança e qualidade nas rodovias

Brasília, 27 de maio de 2025.       

Na manhã desta terça-feira (27), o Confea participou de audiência pública na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, que discutiu o cenário do setor rodoviário nacional, com foco na conservação e na segurança das obras de arte especiais — como pontes, viadutos, túneis, passarelas e muros de contenção.       
 

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Abner Toledo


Representando o Confea, o engenheiro civil e especialista em gerenciamento de projetos, Abner Toledo, destacou a preocupação da entidade com a escassez de profissionais no mercado e como essa situação impacta diretamente na qualidade da infraestrutura nacional. “Hoje temos menos interessados ingressando nos cursos de engenharia do que há 10 ou 15 anos. Para termos uma malha de infraestrutura pujante, precisamos de profissionais habilitados e motivados”, afirmou. Segundo ele, o Confea tem atuado fortemente para incentivar os jovens a seguir a carreira na engenharia. “Estamos fazendo o possível para trazer profissionais qualificados e preparados para reverter essa situação atual”, reforçou.       

A audiência foi solicitada pelo deputado e engenheiro Leônidas Cristino (PDT-CE), que busca reunir subsídios para propor ações que garantam a segurança e a durabilidade das rodovias federais. “O Brasil é um país rodoviário porque as rodovias representam 68% da nossa matriz de transporte, que é desequilibrada, inadequada e ineficiente. Esse problema é estrutural. Hoje não temos um planejamento e uma preocupação com o futuro. Por isso, a intenção desta audiência é conhecer a visão atual do assunto para poder projetar o futuro e ter um olhar sistêmico”, afirmou o parlamentar na abertura dos trabalhos, ao agradecer a presença do Confea, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e da Confederação Nacional dos Transportes (CNT).       

De acordo com o Boletim Estatístico CNT (2024), o transporte rodoviário é proeminente no cenário nacional como o modo mais abrangente do país, responsável por aproximadamente 65% das cargas escoadas e por quase 95% dos passageiros. O desempenho das atividades econômicas e sociais está amplamente atrelado à qualidade das rodovias. Portanto, é fundamental que a infraestrutura esteja adequada para o tráfego de pessoas e mercadorias. Dessa maneira, torna-se essencial dispor de ferramentas que forneçam aos usuários uma visão precisa sobre as condições em que as vias se encontram.       

Esse alerta é reforçado pelos dados da própria CNT, que apontam que, de cada três quilômetros pavimentados no Brasil, apenas um quilômetro apresenta condições adequadas para o tráfego de veículos e transporte de cargas. “Temos que discutir mais esse tema, ter um programa de Estado para ampliar a capacidade do setor e destinar mais recursos para mudar esse perfil de transporte do Brasil que está congestionado”, defendeu Valter Luís de Souza, diretor de Relações Institucionais da CNT. Segundo ele, a entidade tem contribuído ativamente na construção do Plano Nacional de Logística 2050, em parceria com o Ministério dos Transportes — uma iniciativa que busca identificar gargalos e oportunidades para desenvolver uma logística mais eficiente, integrada, sustentável e alinhada às demandas econômicas, sociais e ambientais do país.       

Durante o debate, o superintendente de Infraestrutura Rodoviária da ANTT, Fernando Freitas Bezerra, destacou o papel da agência na gestão das concessões e na fiscalização das obras de arte especiais. “A maioria dos nossos servidores são engenheiros de carreira, comprometidos com a qualidade da engenharia na gestão contratual das rodovias”, afirmou. Ele acrescentou que a ANTT tem um cadastro atualizado dessas estruturas, o que permite a realização de manutenções preditivas, preventivas e proativas.     

Ao justificar a realização da audiência, o deputado Leônidas Cristino reforçou que diversas obras de arte especiais no país apresentam sinais de degradação, falta de manutenção e até risco de colapso, como demonstram acidentes e interdições recentes em várias regiões. “Diante desse cenário, é imprescindível promover um debate aberto e transparente entre o poder público, especialistas e sociedade civil para discutir soluções efetivas e mapear os pontos críticos das rodovias federais, priorizando as intervenções necessárias”, concluiu.   


Fernanda Pimentel e Julianna Curado       
Equipe de Comunicação do Confea   
Foto: Agência Câmara/Bruno Strada