Embrapa cria nova unidade para pesquisa em agroenergia

Brasília, 2 de maio de 2006

Para ampliar a pesquisa na produção de combustíveis feitos a partir de recursos renováveis, o governo federal, através da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), criou a Embrapa Agroenergia. "Com as pesquisas em Agroenergia vamos mudar a estrutura energética do planeta. Nenhum país do mundo tem gente, terra e clima capaz de fazer essa transformação como o Brasil", disse o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues.

A criação da unidade foi anunciada nesta quarta-feira (26.04), durante as comemorações do 33ª aniversário da empresa. A Embrapa Agroenergia terá duas bases. Uma delas será a rede de agroenergia formada pelos profissionais que atuam nas unidades descentralizadas da empresa e por outros 20 pesquisadores que serão contratados para atuar especificamente na área. A outra serão unidades de implementação, uma em cada região do país, que vai envolver uma negociação com os estados e municípios.

O governo anunciou também a formação do Consórcio Nacional de Agroenergia. O Consórcio, sob a coordenação do Ministério da Agricultura, terá a função de organizar e incentivar a pesquisa e a produção de álcool combustível e biodiesel em conjunto com o setor privado. Os parceiros desse consórcio, além da Embrapa, são o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Brasil e a Itaipu Binacional, que terão o compromisso de investir e gerar negócios em inovação tecnológica em agroenergia.    

Programa Integração Lavoura-Pecuária-Floresta - O governo, ainda neste ano, vai investir R$ 4,5 milhões no programa Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (Prolapec). O programa tem o objetivo de reunir a produção de grãos, carne, leite e fibras com a preservação ambiental, poupando o avanço das atividades produtivas sobre patrimônios ambientais como a floresta Amazônica. Os recursos serão usados em ações de transferência de tecnologia e em estudos complementares. O sistema Lavoura-Pecuária-Floresta vai promover o desenvolvimento sustentável e combater o desmatamento nas florestas brasileiras. As pesquisas vão permitir a utilização do sistema em 40 milhões de hectares em todas as áreas de produção do Brasil. A Embrapa tem 18 centros envolvidos nesse programa.

Mostra Ciência para a Vida - Termina domingo (30.05) a mostra Ciência para a Vida, organizada pela Embrapa. A quinta edição da exposição reuniu em 111 estandes várias tecnologias e produtos desenvolvidos nas unidades da Embrapa e por seus parceiros, como o Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, instituições de pesquisas estaduais e universidades. Durante a mostra realizada em Brasília, a Embrapa lançou outras tecnologias, como as novas variedades de algodão desenvolvidas na unidade de Campina Grande (PE). }

As duas cultivares - variedade de um determinado produto agrícola - (BRS Araçá e BRS 269) têm produtividade média superior a outras e resistência múltipla a doenças. São ideais para os produtores do cerrado brasileiro.

Outro novo projeto apresentado foi o uso de alta pressão para a indústria de sucos e néctares tropicais. A tecnologia consiste em utilizar a pressão ao invés de calor para a destruição dos agentes que podem deteriorar os produtos e causar riscos à saúde do consumidor. A pesquisa mostrou que os sucos conservados a partir de alta pressão não diferem dos sucos frescos e têm níveis de preferência superiores aos sucos esterilizados termicamente.

Escritório na África - A Embrapa terá, a partir do segundo semestre, um escritório na República de Gana, na África. O país de clima equatorial e com uma população de 20 milhões de habitantes será a base de pesquisas agropecuárias no continente, que deverá receber transferência de tecnologia e busca de inovações em agricultura tropical, área dominada pela empresa brasileira.

A agropecuária do país africano é baseada no cultivo de cacau, café, banana, coco, limão, mandioca e na criação de bovinos, ovinos, caprinos e aves. Serão investidos US$ 500 mil por ano na manutenção do escritório, recursos provenientes de organismos internacionais, Ministério das relações Exteriores, iniciativa privada e da própria Embrapa. "A Embrapa tem bastante competência em pesquisas no campo da agropecuária e, por isso, é cada vez mais procurada pelos países africanos com situações agroecológicas semelhantes as do Brasil. Daremos condições para que eles dominem essas técnicas", destacou o diretor-presidente da Embrapa, Sílvio Crestana. 

Jornal Eletrônico Em Questão