EUA posicionarão satélite sobre a Amazônia brasileira

Brasília, 19 de abril de 2006
 
Meteorologistas sul-americanos estão recebendo uma ajuda do espaço: um satélite meteorológico dos Estados Unidos, por muito tempo usado para rastrear furacões e outros fenômenos climáticos, será deslocado para o continente. Em outubro, a NOAA - Administração Nacional de Atmosfera e Oceano dos Estados Unidos planeja reposicionar um velho mas confiável satélite de 9 anos de idade para sobre a Amazônia brasileira, para fornecer cobertura integral para os meteorologistas que atualmente enfrentam longos períodos sem imagens regulares, durante a temporada americana de furacões.

O satélite é parte da série de satélites GOES - Geostationary Operational Environmental Satellite, que forneceu aos americanos imagens do Furacão Katrina, do El-Niño e outros fenômenos meteorológicos.

Este e outro satélite, reposicionado em 2003 para obter uma visão melhor do Japão, são contribuições da NOAA para melhorar o GEOSS - Sistema de Observação Global Terrestre, uma aliança entre mais de 60 países trabalhando para unificar a observação da Terra até 2015, e melhorar as políticas ambientais ao redor do planeta.

"Nós esperamos que isso sirva de exemplo para que a América do Sul e outros compartilhem suas observações para tornar nosso trabalho de previsão global um pouco melhor", disse Gregory Withee, administrador assistente dos Satélites e Serviços de Informações da NOAA. "Estamos todos juntos nessa, porque o clima é global".

Os satélites - o primeiro GOES foi lançado em 1970 - enviam imagens visuais e infravermelhas, e são utilizados para monitorar tempestades, detectar as temperaturas das superfícies marítimas e incêndios florestais. Eles também podem medir a temperatura de nuvens, mostrar a distribuição do ozônio e rastrear condições que podem produzir o congelamento de aeronaves.

A América do Sul vem recebendo imagens de satélites da série GOES por décadas, mas estes se concentraram primeiramente nos Estados Unidos e seus arredores imediatos. Assim, sempre que uma tempestade estourava no Hemisfério Norte, o satélite que usualmente envia imagens para a América da Sul se concentrava no problema ao norte.

Mas não faltam desastres naturais na América Latina. Inundações e desabamentos de terra na Venezuela, Guiana e Colômbia em fevereiro de 2005 mataram cem pessoas e deixaram dezenas de milhares desabrigados. Em março de 2004, o que alguns meteorologistas consideraram o primeiro furacão registrado no Atlântico Sul atingiu Santa Catarina, no Brasil.

O satélite reposicionado poderá ajudar a fornecer mais avisos de tempestades. Mas é uma solução temporária. Alguns satélites similares já quebraram inesperadamente depois de dois anos de seu lançamento, e muitos foram aposentados depois de dez anos. Apesar de o satélite direcionado para a América do Sul ainda funcionar perfeitamente e ter mais 11 anos de combustível, ele foi lançado em 1997 e seu "prazo de validade" é imprevisível. Além do mais, ele ainda pertence aos Estados Unidos.

(AP/ Estadão Online)